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Angola: Bispos recebem o Corpo de Dom Tirso, Bispo do Luena

Chegou na manhã desta sexta-feira, 4 de Março de 2022, a Angola para a última homenagem e posterior deposição, o corpo de Dom Jesus Tirso Blanco, Bispo da Diocese do Luena.
O Bispo conhecido pelo seu dinamismo, visão ampla e pela sua entrega total a missão, faleceu em Verona, Itália, no dia 22 de Fevereiro de 2022, vítima de doença.
Recebido pelos Bispos da CEAST – Conferência Episcopal de Angola e São Tomé – no aeroporto de Luanda, o corpo foi transportado em cortejo para a Paróquia de São Paulo, onde teve lugar a missa de corpo presente.
O trajecto foi dividido em duas partes. A primeira, feita sem a presença de público, do aeroporto até ao começo da rua que vai dar depois a paróquia, e a segunda parte acompanhada por membros de Movimentos Apostólicos, Associações, fiéis católicos, amigos e missionários. Todos eles tinham em comum experiências individuais ou colectivas vividas com Salesiano Jesus Tirso Blanco, enquanto sacerdote e enquanto Bispo.
Já na Igreja, depois de um curto tempo dado para homenagem dos presentes, teve início a Celebração da Santa Missa, 10.30 minutos. Presidida por Dom Filoméno do Nascimento Vieira Dias, Arcebispo de Luanda, foi concelebrada, pelo Núncio Apostólico em Angola e São Tomé, pelos Bispos da CEAST e por sacerdotes de algumas Dioceses de Angola.
O lugar da celebração, apesar de grande, foi pequeno para albergar as pessoas que se fizeram presentes para este momento de dor e de esperança. Dor pela perda de alguém que muito bem fez as pessoas e que o queriam mais tempo com elas, mas partiu. Esperança porque acreditam num reencontro certo, na Glória. Aliás foi o que repetidas vezes se ouvi na igreja, enquanto se cantava o salmo responsorial: “Espero contemplar a bondade do Senhor, na terra dos vivos”.
Esses facto foram referidos, na homília, pelo Arcebispo de Luanda. “Nesta hora, irmão nosso, não estás sozinho. Acompanham-te o teu povo e a tua Igreja. O povo que amaste e a Igreja que serviste”. A razão foi dita instantes depois. “Não estás sozinho nesta hora, porque nunca estiveste na tua vida sozinho. Foste sempre um homem com os outros e com os outros”.
“Juntos podemos dizer com São Jerónimo: é uma grande dor perde-lo. Mas nós te gradecemos ó Deus por tê-lo, aliás, por ainda tê-lo porque quem volta ao Senhor, não sai de casa. Porque nada e ninguém nele morre. Nele tudo vive, inclusive a própria morte”. Disse Dom Filomeno num determinado passo da homilia.
Falando de Dom Tirso, salientou que “Os seus trinta e seis anos de ministério sacerdotal, deixaram uma marca profunda por onde quer que passou. E com razão ele foi amado e hoje, com lágrimas e pranto, é acolhido e recordado com saudade”.
“Dom Tirso amou a Igreja com tudo quanto era, com tudo quanto tinha. Amou Cristo e a Igreja, em cada circusntância e em cada homem, muito sao estilo do Papa Francisco. Ele era o homem da Igreja em saída, a Igreja ao encontro dos homens, ao encontro das situações e soluções, por mais complexas, melindrosas que fossem” – acrescentou.
A exemplo do Papa Francisco, Dom Tirso, referiu o Arcebispo de Luanda, “colocou o homem acima da doutrina, a pessoa acima da lei. Ele procurou levar Deus aos homens, não apenas por doutrinação, mas com a linguagem do coração que todos podem entender”.
Dom Filomeno do Nascimento Vieira Dias, agradeceu ao finado Bispo do Luena pelo testemunho deixado e pelo amor que teve pelas terras da sua Diocese, bem como pelo respeito e integração cultural tidos.
Depois de recomendar os membros da família salesiana e os da Família carnal de Dom Tirso à protecção e ao consolo de Maria Auxiliadora, dirigiu a Virgem a seguinte prece: “que a Virgem Maria nos acompanhe a todos para aquele reino de luz infinita onde não há sofrimento, choro e luto – como ouvimos na primeira leitura -, mas apenas paz, para sempre, com o Senhor”.
Visivelmente emocionado, o Arcebispo de Luanda terminou a sua homilia com estas palavras: “Obrigado, homem de Deus! Obrigado, homem de esperança, para todos!”
Foi entre aplausos que a urna contendo o corpo de Dom Jesus Tirso Blanco, Bispo da Diocese do Luena, deixou a Igreja de São Paulo para o aeroporto para ser transportado para a sua Diocese para aí ser enterrado.
As cerimónias, bem como a homenagem do rebanho que durante catorze anos apascentou, estão marcadas para o dia de amanhã, 5 de Março de 2022 na catedral da Diocese, às oito horas da manhã.
O administrador fiel colocado a frente da casa e que em nenhum momento a colocou de lado, mesmo estando sob cuidados médicos – o seu quarto de hospital foi transformado por ele num escritório -, volta a casa que administrou para aí ficar, como era seu desejo.

Quem é Dom Jesus Tirso Blanco?!
Filho de Jesús Blanco e de Palmira Martínez, Dom Jesus Tirso Blanco, nasceu no dia 03 de Junho de 1957 em Ramos Mejia, La Matanza (Argentina), Diocese de San Justo – Buenos Aires. Foi ordenado Presbítero no dia 28 de Setembro de 1985, em San Justo.
Chegou a Angola, como Missionário Salesiano de Dom Bosco, em 1986. Exerceu a sua actividade missionária: no Lwena, de 1986-1992; em N’Dalatando, de 1992-1995; em Luanda, na Paróquia de São Paulo, de 1995-2000; ainda Luanda, na Paróquia de São José de Nazaré da Lixeira, de 2000- 2007 e na Sede Salesiana, de 2007-2008.
Era formado em Teologia, Missiologia, Psicologia, Filosofia e Comunicação Social, pela Universidade Gregoriana de Roma.
Aos 26 de novembro 2007, o Papa Bento XVI nomeou-o Bispo do Lwena; tendo sido sagrado Bispo aos 02 de março de 2008, em Luanda.
Na CEAST – Conferência Episcopal de Angola e São Tomé -, foi responsável pela Comissão Episcopal das Comunicações Sociais, até o ano passado.

Alguns Testemunhos:
“Um Bispo que eu chamava todo terreno o meu bispo, aquele que percorreu distancias e distancias, e até o anel rompeu de tanto conduzir, um bispo que morria de amor por este povo, que queria ver desenvolvido, que queria ver incluido nos grandes projectos de desenvolvimento, nos grandes sonhos de oportunidades, nas grandes conquista da justiça social”. – Dom Manuel Imbamba, Presidente da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé

“Um missionário que amou o povo angolano e deixou as suas impressões digitais de bondade por onde passou, sobretudo nas periferias existenciais”. – Dom José Nambi, Bispo do Kuito-Bié

“A morte de Dom Tirso é uma grande baixa para a Igreja de Angola”. – Dom Belmiro Cuica Tchissengueti, Bispo de Cabinda

“Exímio pregador do Evangelho, com constantes apelos a Justiça Social, era um defensor dos pobres, dos injustiçados e dos oprimidos”. – Nota da CEAST a anunciar o falecimento do Bispo do Luena

“Dedicou o seu tempo e vigor a causas nobres, como a melhoria das condições de vida das populações, a emancipação das mulheres e dos jovens, bem como a moralização da sociedade e a defesa do ambiente” – Nota de condolência do Governo Provincial do Moxico

Sammy de Jesus

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